Agência Brasil - Rio de Janeiro

O diploma de cuidador social, obtido no início de fevereiro após curso realizado pela Cruz Vermelha em parceria com a prefeitura do Rio de Janeiro, é a esperança do ex-mestre-sala da Mocidade Independente de Padre Miguel Alexandre Salino para sair das ruas, onde vive há seis meses. À noite, ele dorme no Hotel Solidário, da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos. Salino participou do desfile da Mocidade no carnaval de 1991, no Sambódromo do Rio de Janeiro, quando a escola foi campeã, com o enredo Chuê, chuá, as águas vão rolar.

Embora seja um sambista talentoso, reconhecido no mundo do samba, Alexandre Salino teve problemas com drogas e acabou perdendo tudo que possuía. Ele garante estar livre das drogas há quatro meses, desde que começou a fazer o curso na Cruz Vermelha, e acredita que poderá escrever um novo capítulo em sua vida.

“Esse é o primeiro diploma que tenho na vida. É a primeira coisa que eu começo e consigo terminar. A prefeitura e a Cruz Vermelha jogaram uma boia para mim, eu me agarrei. Tenho certeza que assim vou conseguir chegar à terra firme”, disse Salino, esperançoso.

Parceira

De acordo com a administração municipal, a situação de Salino surpreendeu Babi Cruz, mulher do compositor Arlindo Cruz e porta-bandeira da escola verde e branco nas décadas de 1980 e 1990. Ela dançou com o ex-parceiro de avenida dos 12 anos de idade até os 24. “Foram 12 anos juntos. Ele chegou a morar na minha casa quando a mãe morreu num incêndio na casa dele, ainda garoto”.

Babi disse que Adilson, pai de criação de Alexandre, criou os quatro irmãos de Alexandre Salino. “Casou os meninos, é avô. Ele tem um trabalho maravilhoso de oficina de mestre-sala e porta-bandeira”. Segundo Babi, Salino é de fato um talento diferenciado, “um potencial de dança maravilhoso, mas com personalidade difícil”. Apesar disso, ela disse estar disposta a ajudar o ex-companheiro de agremiação mais uma vez.

Curso de cuidador

O mais recente curso de Cuidador Social Comunitário, oferecido pela Cruz Vermelha do Brasil em parceria com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Emprego e Inovação, teve 230 alunos, entre os quais Alexandre Salino. A formatura ocorreu no Teatro Carlos Gomes, na Praça Tiradentes, região central do Rio.

Durante o curso, os participantes aprenderam noções de cuidador de idosos, cuidador de crianças, primeiros socorros, psicologia do desenvolvimento e serviço social aplicado à infância e à terceira idade.

Para o secretário de Desenvolvimento, Emprego e Inovação, Renato Moura, dar oportunidade para as pessoas se qualificarem pode fazer toda a diferença na vida delas. “Com uma profissão, é aberta uma grande janela de oportunidades para ter renda e, muitas vezes, resgatar a dignidade”, salientou o secretário.

Edição: Fernando Fraga