Em meio
a pandemia do novo coronavírus, delegacias da mulher ganham opção online; CRAVI
tem sistema de plantão
Relatório divulgado pelo Fórum Brasileiro de
Segurança Pública, no último dia 20 de abril, aponta para um crescimento de 44%
no número de socorros prestados a vítimas de violência doméstica na comparação
entre março de 2019 e março deste ano. Um aumento de 6.774 para 9.817 mulheres.
O feminicídio no mesmo período também subiu de 13 para 19 casos.
Desde o estabelecimento do isolamento social
imposto pelo novo coronavírus, ações mundiais contra a violência doméstica
registram aumento no pedido de ajuda. Em Nova Jersey, nos EUA, a Associação
Cristã de Moças relatou aumento de 24% . Um disque-denúncia na Espanha cresceu
12,4% nas duas primeiras semanas de confinamento em comparação a mesma quinzena
de 2019. O Líbano e a Malásia viram o número de chamadas para as linhas de
ajuda dobrarem este ano, segundo a ONU. Na China, o número foi três vezes
maior. De acordo com dados do Google, na Austrália, foi registrado o maior
número de buscas pelo termo “violência doméstica” dos últimos cinco anos.
Apesar da multiplicação dos crimes, a
formalização da denúncia tem sido um obstáculo para as vítimas durante a
pandemia. Para garantir que as mulheres tivessem seu direito de denúncia
garantido e ao mesmo tempo cumprissem com a determinação de isolamento social
fundamental para o controle da doença, o Governador João Doria determinou que
as Delegacias de Defesa da Mulher (DDMs), vinculadas à Secretaria de Segurança
Pública (SSP), passassem a registrar eletronicamente os casos de violência
doméstica . O serviço online está ativo desde 3 de abril e possibilita que a
mulher denuncie pelo site - www.delegaciaeletronica.policiacivil.sp.gov.br
A subnotificação, porém, ainda preocupa as
autoridades em São Paulo. No ano passado, de 25 de março a 21 de abril, 11.283
vítimas de violência doméstica fizeram boletim de ocorrência nas DDMs. Este
ano, no mesmo período, já com a possibilidade do registro eletrônico, foram
apenas 7.479.
“No governo de São Paulo temos tido uma posição
de defesa intransigente das mulheres que são vítimas de violência doméstica”,
afirmou Doria em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes. Mesmo com a
pandemia, as delegacias de todo o estado paulista continuam operando em seus
horários normais. “A orientação é para que as delegacias e as 134 DDMs
funcionem nos horários e formatos que sempre funcionaram acrescido dessa
possibilidade do registro eletrônico”, concluiu o Governador.
De acordo com a delegada Jamila Ferrari,
Coordenadora das DDMs em São Paulo, o atendimento eletrônico de denúncia contra
mulheres já estava sendo planejado pela Polícia Civil e teve seu lançamento
antecipado por conta da crise da Covid-19. “Buscamos nos antecipar a um
fenômeno que ocorreu em outros países, como China, Espanha, França e Estados
Unidos, que registraram aumento no número de casos após adotarem medidas de
isolamento social”, afirmou a delegada.
Assim como a SSP, as Secretarias estaduais da
Justiça, dos Direitos da Pessoa com Deficiência e o Fundo Social de São Paulo
passaram a disponibilizar ações específicas para o público feminino durante a
pandemia.
A Secretaria da Justiça possui dois canais de
contato eletrônicos para vítimas de violência doméstica. Enquanto durar a
quarentena, haverá plantão para atender e encaminhar os casos para uma das
unidades do Centro de Referência e Apoio à Vítima (Cravi), localizadas em São
Paulo, Barueri, Suzano, Araçatuba, Santos e São Vicente.
As mulheres com deficiência também podem contar
com o Todas In-Rede, programa
desenvolvido pela Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência. A
iniciativa trabalha para a capacitação dos profissionais das DDMs no
atendimento específico às mulheres com deficiência. De acordo com Célia Leão,
titular da pasta, "é bom reforçar que a deficiência em si, seja ela qual
for (física, intelectual, auditiva, visual, múltipla), certamente dificulta a
defesa pessoal dessa mulher."
O programa SOS
Mulher, do Fundo Social de São Paulo, é um site idealizado com vídeos sobre
segurança, saúde e independência financeira. A plataforma disponibiliza também
todos os serviços gratuitos oferecidos para a mulher pelo governo paulista.
“Não podemos aceitar que a mulher seja violada em sua individualidade e
dignidade e uma das ferramentas para
prevenção é a informação, por isso disponibilizamos a plataforma “SOS Mulher” que mostra como combater todas
as formas de violência”, disse a presidente do FUSSP, Bia Doria.
A fim de importar as boas práticas
internacionais no acolhimento às mulheres, a Secretaria de Relações
Internacionais mantém diálogo constante com consulados estabelecidos em São
Paulo. “É uma troca rica e que tem possibilitado a formação de políticas
públicas importantes”, afirmou o Secretário de Relações Internacionais Julio
Serson. “A igualdade de gênero pressupõe muito mais que salários equiparados,
precisamos garantir que a mulher tenha as mesmas oportunidades e que sua
integridade física e psíquica esteja protegida e garantida”, conclui o
Secretário.
Programas
Delegacia de Defesa da Mulher - www.delegaciaeletronica.policiacivil.sp.gov.br
CRAVI - (11) 3291-2624 e o e-mail cravi@justica.sp.gov.br
“SOS MULHER” - www.sosmulher.sp.gov.br