O governo chinês acusou, nesta quarta-feira (24), o presidente norte-americano, Joe Biden, de cometer "um erro" ao convidar Taiwan para participar de uma cúpula sobre democracia, na qual estarão presentes representantes de 109 nações democráticas.
“Opomo-nos firmemente a qualquer interação oficial entre os Estados Unidos (EUA) e essa ilha. Essa é uma posição clara e consistente”, declarou Zhu Fenglian, porta-voz do Gabinete Chinês para Assuntos de Taiwan, passando a considerar “um erro” a inclusão dessa região no encontro.
Pequim apelou a Washington que “se mantenha leal ao princípio de ‘uma só China’”, política que reconhece que Pequim reclama Taiwan como sua província, e que “respeite os Três Comunicados”, conjunto de declarações assinadas pelos EUA e pela China para estabelecer as relações entre as duas nações. Apesar de Taiwan ser uma democracia com um governo independente, a China continua a reclamar o território como seu e acusa o Executivo taiwanês de separatismo.
A cúpula será um teste ao juramento de Joe Biden de que faria os Estados Unidos regressarem a uma posição assertiva de liderança global, capaz de desafiar as forças autoritárias da China e da Rússia – nações que não estão incluídas neste encontro virtual, marcado para os dias 9 e 10 de dezembro.
O jornal oficial do Partido Comunista Chinês, Global Times, escreveu hoje que “o ato de colocar a ilha entre nações soberanas revela que os EUA estão transformando esta suposta cúpula em um conluio ideológico, como parte de uma campanha para conter a China”.
“Ao excluir países como a China e a Rússia, mais pessoas irão entender como os políticos americanos usam os seus alegados valores para instigar o confronto”, acrescenta a publicação.
Desde que chegou à Casa Branca, o sucessor de Donald Trump tem reiterado o apoio de longa data dos EUA à política de “uma só China”, mas tem frisado também que Washington “se opõe fortemente aos esforços unilaterais para mudar o status quo ou atacar a paz e estabilidade no Estreito de Taiwan”.
Medidas drásticas
Um porta-voz do presidente taiwanês agradeceu a Biden o convite para participar do encontro e garantiu que a região será “uma força positiva na sociedade internacional”.
“Taiwan irá cooperar firmemente com países que pensem da mesma forma para proteger valores universais como os da liberdade, democracia e direitos humanos”, assegurou o porta-voz, Xavier Chang. “Iremos também salvaguardar a paz regional, a estabilidade e o desenvolvimento”.
A decisão dos Estados Unidos de convidar Taiwan para a cúpula sobre democracia não só não foi bem recebida pela China, como poderá motivar ataques de Pequim.
Em reunião virtual com Joe Biden na passada semana, o presidente Xi Jinping informou que a China “não teria outra alternativa que não tomar medidas drásticas” se determinadas “linhas vermelhas” fossem ultrapassadas.
Em agosto deste ano, o jornal do Partido Comunista Chinês tinha alertado contra o convite do presidente taiwanês, Tsai Ing-wen, para a cúpula da democracia, pedindo a Washington que se referisse a Taiwan como “Taipé Chinesa”.
Não cumprir com esses pontos significaria uma “grave escalada” de tensão entre as duas nações e não seria tolerado por Pequim, avisou a publicação.
O encontro sobre democracia vai reunir, ao longo de dois dias, países democráticos como França ou Suécia, mas também nações onde ativistas consideram que a democracia está sob ameaça, como a Índia ou a Polônia.