Agiram como se a população brasileira e suas instituições tivesssem sob sua tutela. E o pior é que os ministros do STF não se posicionaram, tampouco os poderes Executivo e Legislativo, igualmente ameaçados pelas mensagens de teor nitidamente autoritário. Jornalistas reagiram a isso como se fosse apenas uma demonstração de que "acabou a paciência" dos militares, sem refletir sobre a gravidade das ameaças.
Até mesmo o comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, abandonou a discrição que o cargo impõe para fazer suas próprias insinuações, enquanto “bombava” no whatsapp o áudio atribuído a um general Lessa advertindo para o risco de um “banho de sangue” no País. O comandante Villas Bôas foi mais diplomático:
- Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais.Em uma democracia, a pressão de grupos é aceitável, como no caso dos advogados petistas entregaram abaixo-assinado com mais de três mil assinaturas, em contraposição ao documento encaminhado por mais de cinco mil advogados promotores e juízes defendendo a prisão após a segunda instancia. A manifestação dos militares está exatamente no mesmo patamar e não a torna mais importante ou mais grave do que qualquer outra – exceto pelo fato de andarem com armas na cintura custeadas pelo contribuinte brasileiro.
Armas velhas e munição insuficiente, claro, porque o sucateamento das Forças Armadas já levou o general Augusto Heleno (hoje na reserva) afirmar certa vez que se o Brasil quiser fazer cara feita para o regime de Evo Morales, deslocando tropas para a fronteira com a Bolívia, não haveria dinheiro nem para a gasolina. E nem veículos de transporte de tropa que suportem a viagem. Heleno sabe o que diz, como um dos principais líderes de um Exército que não tem recursos suficientes nem mesmo para garantir o rancho da tropa durante toda a semana.