FMI, campus e salário mínimo

Por Zoel Garcia Siqueira

Nas décadas de 1980 e 90, muitas manifestações ocorreram em todo o
território nacional contra as famosas ‘cartas de intenções’ do FMI (fundo
monetário internacional). Elas faziam com que a maior parte dos impostos
arrecadados nacionalmente fosse usada para pagar as dívidas com o fundo. 
Muitas faixas e muros de universidades eram pintados com os dizeres ‘fora,
FMI’. De lá para cá, já fomos governados por militar, poeta, advogado e
sociólogo. Mas foi um retirante nordestino com ensino fundamental incompleto
que pagou a dívida e livrou o país do FMI.
Como professor, participei, naquelas décadas, de reuniões e manifestações
contra a inexistência de universidades públicas na região. Conseguimos
cursos de extensão da Unesp São Vicente, da USP santista e de uma
universidade federal hoje na rua Campos Mello, em Santos.
Daquela época até agora, já fomos governados por militar, poeta, advogado e
sociólogo, mas foi um retirante nordestino, com ensino fundamental
incompleto, que trouxe para a nossa região campus de universidades públicas.
Também foram muitos os protestos contra o valor irrisório do salário mínimo.
Depois do militar, poeta, advogado e sociólogo, o retirante nordestino com
ensino fundamental incompleto eleito democraticamente, em todo o período de
seu governo, aumentou o mínimo acima da inflação.
Por tudo isso, acredito que a prisão do presidente Lula não objetiva o fim
da corrupção, que não foi criada por ele, mas sim acabar com um sistema de
governo que, apesar de todas as suas contradições, melhorou a vida dos menos
favorecidos.
Torço muito para que possamos acabar com a corrupção em nosso país. E a
historia mostrará que Lula está pagando pelas ações corretas, acima
descritas, de seu governo. Infelizmente, aqueles que erraram para beneficiar
a minoria não estarão atrás das grades da prisão. 

Zoel é professor, formado em sociologia e diretor financeiro do Sindserv
(sindicato dos servidores municipais) Guarujá


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