O prédio onde funciona o departamento de fiscalização de posturas da
prefeitura, no Centro de Santos, não tem o auto de vistoria do corpo de
bombeiros (avcp), exigido de qualquer estabelecimento.
“Casa de ferreiro, espeto de pau”, ironiza o presidente do sindicato dos
servidores municipais estatutários (Sindest), Fábio Marcelo Pimentel. A
equipe de televisão do sindicato foi ao local.
“Uma vergonha”, diz o sindicalista. “Um desrespeito com os funcionários
lotados no departamento e também com os usuários do serviço. O calor nas
dependências é insuportável”.
Segundo o diretor de imprensa do sindicato, Rogério Catarino, o maior
problema é a falta de ventilação no prédio e de equipamentos de ar
condicionado. Ele denuncia que todo o sistema está quebrado.
A situação é tão grave que o setor, em vez de funcionar das 8 às 17 horas,
como sempre foi, abre ao público somente às 9 e fecha às 15. Isso aconteceu
por interferência do sindicato.
“Não queremos prejudicar a população, reduzindo o tempo de atendimento, mas
temos que proteger os servidores. Aliás, o certo seria paralisar o serviço
até a solução dos problemas”, diz Fábio.
Navio negreiro
Segundo Rogério, “os empecilhos para os usuários começam quando chegam ao
local. Aquilo parece um navio negreiro. Não há sequer uma placa anunciando
que ali funciona a fiscalização municipal”.
“O que se vê, na frente do prédio, na rua João Pessoa, 132, diante da sede
do jornal A Tribuna, é muita umidade, um cenário de horror”, diz Rogério. “A
pessoa chega ali e se perde”
A estrutura, segundo ele, “é vergonhosa. Além do pé-direito do prédio ser
baixo e do ar-condicionado não funcionar, o local é comprovadamente
insalubre”.
Segundo o diretor sindical Roberto Damásio ‘Betinho’, a prefeitura diz que o
problema é causado por canalização antiga. “Então, que troquem a
canalização. Vão esperar o quê? Que morra um servidor do coração?”.
Além das infiltrações de umidade, a equipe de televisão do Sindest encontrou
banheiros com azulejos quebrados, elevadores sem peças necessárias e até
falta de copo descartável.
“O pessoal tem que beber água quente, encostando a boca na torneira. Ou
então levar copo de casa. Aliás, virou rotina o pessoal comprar objetos que
vão desde ventiladores até lápis”, reclama Betinho.
Nem caneta
Os sindicalistas ouviram dos funcionários que as canetas de baixa qualidade
fornecidas pela prefeitura não funcionam. E que muitas vezes não há papel
nem tinta nas impressoras.
“É para isso que pagamos impostos? Para ser mal atendidos? Para constatar
servidores mal cuidados, rendendo abaixo de sua capacidade profissional, por
motivos alheios à sua vontade?”, questiona Rogério.
A fiscal de posturas Débora Evelyn Barbosa da Silva, com falta de
mobilidade, diz que os problemas existem há mais de um ano: “Primeiro foi
numa sala, depois em outra e por fim em todas”.
O fiscal Carlos José do Nascimento concorda: “A situação é complicada.
Tentamos prestar bom atendimento, mas não temos condições. Tenho 28 anos de
prefeitura e nunca vi nada igual”.
“Pois é”, finaliza Fábio Pimentel. “O setor responsável pela fiscalização na
cidade precisa ser fiscalizado. Mas por quem? Essa vergonha precisa acabar”.
GUARUJÁ
26/04/2018 16H31