Edição de junho da pesquisa mostra que aumentou o percentual de pessoas que sofreram golpes envolvendo contas bancárias.
Confiança nos bancos se mantem estável
As consequências da inflação nesses quatro meses do conflito entre Ucrânia e Rússia chegaram aos lares brasileiros, com aumento generalizado de preços e, ainda, com pouca expectativa de mudanças na situação econômica da família e do país no curto prazo.
Na região Sudeste, a grande maioria dos entrevistados (94%) afirma que o preço dos produtos aumentou ou aumentou muito em relação ao início do ano. Da mesma forma, oito em cada dez entrevistados (78%) apontam que o consumo de alimentos e outros itens do abastecimento doméstico é o item que mais tem sido impactado pela inflação.
A recuperação econômica ainda está longe do horizonte dos brasileiros que vivem no Sudeste. Metade dos entrevistados (50%) acredita que a sua vida financeira e familiar só irá se recuperar após 2022 ou isso sequer acontecerá. Quando pensam na recuperação da economia do país, é mais elevado o contingente de pessimistas (79%). Alinhados com esse sentimento, 69% têm expectativa negativa também no que se refere ao crescimento do país.
Esses dados são revelados pela mais nova rodada da pesquisa Radar FEBRABAN, realizada com 3 mil pessoas, entre os dias 21 de maio a 2 de junho, nas cinco regiões do país.
Considerando um horizonte mais favorável, em que haja disponibilidade de recursos extras no orçamento doméstico, as preferências dos entrevistados recaem na compra ou reforma de imóvel -- 28% disseram que comprariam um imóvel e 15% que reformariam a casa -- e por investimentos bancários -- 23% aplicariam o dinheiro na poupança e 21% em outros investimentos bancários.
A indicação de investimentos bancários como destino de eventuais recursos financeiros excedentes converge com o elevado grau de confiança no setor (56% confiam nos bancos). O entendimento preponderante é o de que os bancos têm dado uma contribuição positiva para o desenvolvimento da economia (55%), o enfrentamento da pandemia (52%), a geração de empregos (45%), a melhora da qualidade de vida das pessoas (47%), e os negócios e atividades profissionais dos entrevistados (46%).
Cresceu também o percentual daqueles que já foram vítimas de golpes e fraudes envolvendo instituições bancárias, chegando a quase um terço dos respondentes. Mas a grande maioria (68%) declarou não ter sido vítima de golpes ou fraudes. Dentre os crimes mais frequentes, a clonagem ou troca de cartão é citado por 66%.
Ainda sobre o tema, 53% dizem já ter recebido comunicação do banco instruindo sobre golpes e 91% apontam a importância de tais materiais como alerta e prevenção.
“A inflação é o inimigo número 1 do Brasil. É um fenômeno mais sério aqui porque, há 9 meses consecutivos, anualizada, vem ultrapassando a faixa dos dois dígitos. Além disso, está bastante disseminada e vem atingindo sobretudo as classes menos favorecidas. É mais sério também porque a inflação tem fatores estruturais, que estão entre nós, como o quadro fiscal débil que, vez por outra, volta a inspirar cuidados”, diz Isaac Sidney, presidente da FEBRABAN.
“Nesta mais recente rodada da pesquisa RADAR FEBRABAN reverbera os desafios da retomada econômica em uma conjuntura desfavorável de inflação alta, aumento do preço do petróleo e desdobramentos do impacto da guerra na Ucrânia”, aponta o cientista político e sociólogo Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (IPESPE), responsável pela pesquisa.
Essa sexta edição do RADAR FEBRABAN avaliou a evolução da expectativa dos brasileiros sobre os seguintes temas e apresenta ainda um recorte regional:
- Perspectiva de Recuperação da Economia
- Bancos
- Golpes e tentativas de golpes
A pesquisa se soma ao Observatório FEBRABAN e à FEBRABAN News, criados em 2020, como instrumentos para estreitar o diálogo do setor bancário com os brasileiros, tornando-se polo de notícias, conteúdo e ponto de encontro de debate.
A seguir, alguns pontos da edição especial do RADAR FEBRABAN:
RECUPERAÇÃO DA ECONOMIA FAMILIAR E NACIONAL
A metade dos brasileiros que vivem no Sudeste (50%) acredita que a situação financeira familiar só irá se recuperar depois de 2022 (46%) ou nem irá se recuperar (4%). Uma parcela de 27% dos entrevistados acredita que a recomposição financeira da família irá ocorrer ainda em 2022. E mais 8% afirmam já ter havido uma melhora financeira em 2021, perfazendo 35% que já se recuperaram ou estão em vias de recuperação; além de 10% que afirmam não terem sido afetados.
Saindo do campo das finanças pessoais para a visão sobre a economia do país, os entrevistados se mostram mais cautelosos: 68% afirmam que só haverá recuperação após 2022. Os mais pessimistas quanto à recuperação da economia (sem perspectiva de melhoria) somam 11%.
Nessa rodada do RADAR foi incorporada pergunta sobre a expectativa de crescimento do país. Pouco mais de seis em cada dez respondentes (61%) acreditam que esse se dará depois de 2022.
EXPECTATIVA SOBRE ASPECTOS DA ECONOMIA
- 69% da população do Sudeste vislumbra o aumento da taxa de juros esse ano.
- 69% dos entrevistados apostam no aumento da inflação e aumento do custo de vida.
- 45% da população do Sudeste acredita em queda no poder de compra (contra 53% que creem em aumento ou estabilidade).
- 40% sinalizam que haverá crescimento do desemprego (contra 57% que acreditam em diminuição ou manutenção do nível atual).
- 27% afirmam que o acesso de pessoas e empresas ao crédito irá diminuir (contra 69% que acham que ficará como está ou irá aumentar).
IMPACTO DA INFLAÇÃO
É quase uma unanimidade (94%) a percepção de que a inflação e o preço dos produtos aumentaram ou aumentaram muito do início do ano pra cá.
O consumo de alimentos e de outros itens do abastecimento doméstico é o item que mais impacta no orçamento das famílias hoje em dia (78%), representando aumento de 8 pontos em relação ao levantamento de dezembro passado.
A preocupação com o preço do combustível subiu de 37% em dezembro 2021 para os atuais 41% registrados na atual pesquisa. O peso do valor dos serviços de saúde ou remédios é mencionado por 20% do total da amostra. Os demais itens avaliados pontuaram abaixo de 10%.
CONSUMO
Em um cenário de recuperação econômica em que as pessoas tenham recursos excedentes no orçamento familiar, a compra de um imóvel seria é o principal desejo de 28% dos entrevistados. Se somada a intenção de reformar a casa (15%), esse item relacionado ao imóvel chega a 43%.
Em segundo lugar, como destino dos recursos extras, comparecem os investimentos bancários, seja poupança (23%) ou outros tipos de investimentos (21%).
Outras opções mencionadas para aplicar as sobras eventuais do orçamento foram:
- cursos e educação da família (15%)
- viagens (12%)
- comprar carro (10%)
- fazer ou melhorar o plano de saúde (9%)
Os itens menos citados são:
- comprar eletrodomésticos/ eletrônicos (4%);
- comprar moto (4%);
- fazer seguro de carro, casa, vida ou outros (2%).
AVALIAÇÃO DOS BANCOS
Os bancos contam hoje com 56% de confiança dos brasileiros que vivem no Sudeste; o nível de confiança das fintechs é de 55%. Já as empresas privadas desfrutam de 51% de confiança.
Permanece positiva a avaliação a respeito da contribuição do setor bancário para o país e a sociedade. Essa percepção favorável é maior quanto à contribuição para o desenvolvimento da economia brasileira (55%) e a ajuda no enfrentamento do coronavírus (52%).
Nesse RADAR foi acrescida ainda pergunta sobre a contribuição para “seu negócio ou sua atividade profissional”, com 46% de respondentes avaliando como positiva, 28% como neutra e 16% como negativa.
GOLPES E TENTATIVAS DE FRAUDE
O percentual de pessoas que já foi vítima de golpes ou tentativas de golpe vem aumentando gradativamente. Em março deste ano eram 28%, crescendo agora para 30%.
O golpe mais comum continua sendo o da clonagem de cartão, que dessa vez chegou a atingir 66% dos entrevistados. Subiu 7 pontos em relação a março deste ano (59%), em questão de múltipla resposta.
As referências ao golpe da central falsa subiram para 26% (eram 25% no último levantamento, em março).
Já as citações ao golpe do WhatsApp vêm crescendo gradualmente: eram 23% em março/2022 e agora chegam a 26%.
Manteve-se o percentual referente ao golpe do leilão ou da loja virtual (os 5% registrados em março passado permaneceram inalterados neste levantamento).
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A íntegra do sexto levantamento RADAR FEBRABAN, pesquisa FEBRABAN News-IPESPE pode ser acessada neste link.
O recorte regional poderá ser visto aqui.
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