Serviço realizado por equipes das Usafas ampliou as visitas e a qualidade com a inserção dos estudantes de Medicina da Unoeste

Atendimento domiciliar realizado pelo médico preceptor Marcos Augusto e alunos da Medicina Unoeste (Foto: Mariana Tavares)

 

O atendimento integral à saúde visa as necessidades do paciente de acordo com a sua realidade e o seu contexto social. Assim, as ações da atenção básica, que buscam principalmente a prevenção, precisam alcançar os usuários do sistema de forma ampla. A visita domiciliar, neste sentido, é essencial. Durante as atividades do Programa de Aproximação Progressiva à Prática (Papp), da Faculdade de Medicina da Unoeste Guarujá, os alunos são inseridos em atividades dentro das unidades de saúde, escolas e também vão até o paciente com médicos preceptores e a equipe multiprofissional. Com a presença dos acadêmicos, esse atendimento foi ampliado, aprimorado e o resultado já é percebido pelos próprios usuários.

É o caso do Roberto de Freitas, de 50 anos. Com grave dificuldade de locomoção por conta de complicações de saúde, desde quando ele recebeu alta de internação no Hospital Santo Amaro prosseguiu com o acompanhamento domiciliar pela equipe da Unidade de Saúde da Família (Usafa) da Vila Rã. Entre uma visita e outra do médico Marcos Augusto da Silva Tudisco com os alunos da Medicina, a melhora na condição física e psicológica do paciente foi motivo de satisfação para todos.

“Em um mês a evolução foi muito grande. Tive a ajuda da equipe da Usafa, do meu fisioterapeuta e da minha companheira. Antes de ficar acamado eu pesava 180 kg, mas era muito ativo. Tudo começou com uma depressão, quando não conseguia mais sair da cama, e em fevereiro, durante atendimento na UPA [Unidade de Pronto Atendimento], detectaram que meus rins estavam parando. Me internaram com urgência e fiquei na UTI [Unidade de Terapia Intensiva] por sete dias e depois mais dez dias internado na enfermaria. Quando tive alta, pensei que sairia andando, mas fiquei totalmente sem forças nas pernas. Não conseguia nem virar de lado na cama. Agora estou conseguindo até sentar sozinho. Ainda não estou andando, mas a evolução é enorme”, comemora.

A visita do médico preceptor com os acadêmicos, para Roberto, é de extrema importância. “Primeiro porque os alunos enxergam a realidade de grande parte da população. Aqui é diferente do que eles estão acostumados a ver na universidade e até mesmo no hospital. Aqui as condições são mínimas e eles adquirem experiência. Vejo a diferença no aluno que esteve aqui pela primeira vez, ele retornou com mais segurança. É bom pra nós e bom pra eles, porque está formando bons médicos”, frisa Roberto.

Conforme o Dr. Marcos Augusto, médico preceptor da Faculdade de Medicina Unoeste e da Residência de Saúde da Família realizada em parceria com a universidade, as visitas acontecem desde o 1º semestre do Papp. Ele pontua que no primeiro momento os estudantes acompanham os agentes comunitários de saúde para conhecerem a realidade do paciente e fazer a anamnese geral. “É importante que eles conheçam a função de todos os profissionais da Usafa para que entendam o funcionamento do SUS. A partir do 3º termo eles começam a passar com os médicos em consultas na unidade e no 5º termo os atendimentos são domiciliares. No começo tentamos estimulá-los a fazer a anamnese sozinhos e depois fazer um plano de cuidados já pensando na atualização do assunto para encontrar a melhor conduta”, explica.

Com a inserção do aluno, o médico especialista em saúde da família salienta que possibilitou mais visitas e aumentou também a qualidade do atendimento, já que é realizado um plano de cuidado bem elaborado para cada paciente, com fundamentação teórica, acompanhado à conduta médica. “Então temos a discussão da conduta e no plano de cuidado eles sempre trazem algo a mais que podemos acrescentar, como uma fisioterapia diferente, enfim. Certamente os alunos vieram agregar!”, afirma.  

Alexandre Xavier Medeiros, 19 anos, aluno do 5º termo, acompanhou a evolução do paciente Roberto e ficou satisfeito com o resultado de um trabalho que ele contribuiu. “É um paciente obeso, que está em tratamento de depressão, ficou internado muitos dias. Quando chegamos aqui ele não conseguia se movimentar na cama, não estava se alimentando direito, então fizemos toda a orientação. E no retorno vimos que o processo foi muito bom. Ele teve a ajuda da namorada, mudou a alimentação, teve uma significativa redução de peso e agora está conseguindo até sentar na cama sozinho. Ele está alegre, então isso nos deixa muito feliz também. Mostra que este trabalho realmente funciona”.

Aluno Alexandre durante a segunda visita domiciliar ao paciente Roberto: "Fiquei muito feliz com o resultado" (Foto: Mariana Tavares)