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A decisão monocrática do ministro Gilmar Mendes, que causou estupefação no Congresso, pode representar uma espécie de “dobradinha” Lula/STF destinada a pavimentar o caminho do presidente eleito. Nessa decisão, o ministro anulou o papel do Poder Legislativo na retirada do Bolsa Família do Teto de Gastos, fixada pela Constituição, e autoriza que despesa ocorra apenas por “crédito extraordinário”. O STF ainda prestou o serviço a Lula de declarar inconstitucional o “orçamento secreto”, uma das queixas do petista durante a campanha eleitoral.

Cereja do bolo

Livrar o vice Geraldo Alckmin de ação penal por recebimento de propina foi a “cereja do bolo” na sequência de decisões camaradas do STF.

Governistas

Parlamentares ligados ao atual governo ironizam o fato de o STF estar “se despedindo" das trincheiras de oposição.

PEC inócua

O STF, com isso, tornou PEC Fura-Teto descartável, dispensando Lula de negociações para arrumar os 308 votos necessários à sua aprovação.

Caiu na Rede

Já são quase duas dezenas de decisões curiosamente obtidas no STF pelo Rede, partido que não tem votos, mas deve ter um baita advogado.

Plenário da Câmara dos Deputados. Foto: Elaine Menke

Câmara pode dificultar ‘recomposição orçamentária’

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que é o principal líder do Centrão, fez opção pelo silêncio, como se estudasse o lance do adversário no jogo de xadrez, mas a impressão que se tem no Congresso é de que haverá troco para a decisão do STF emasculando o Poder Legislativo. Para começar, já se fala em esvaziar ou dificultar a todo custo a “recomposição orçamentária” dos 37 ministérios de Lula.

Prontidão no STF

Deputados irão alegar “teto de gastos” para barrar aumento de despesas de Lula. Mal percebem que o STF estará de prontidão para socorrer Lula.

Liberou geral

A PEC Fura-Teto perde sentido para garantir os R$600 do Bolsa Família, mas prevê também R$75 bilhões destinados a emendas parlamentares.

Olho no lance

Está em gestação um drible de última hora na decisão do STF, enfiando um jabuti na PEC Fura-Teto que ressuscite o “orçamento secreto”.

Poder sem Pudor

Simone Tebet (MDB-MS) virou problema para Lula, que não sabe onde encaixar a senadora. Passada a eleição, Lula e Simone ainda não se reuniram presencialmente para definir uma vaguinha para a emedebista.

Todo ouvidos

O entorno de Arthur Lira não esconde o motivo de a PEC Fura-Teto tramitar a jato no Senado: houve muita promessa para senadores, mas empacou na Câmara porque os deputados não foram ouvidos.

Vaga concorrida

Fala-se em Leila Barros (DF) como nome do PDT para ministra. A sigla deve ter uma vaga no rateio ministerial. Ainda nem é oficial e já teve gente se mexendo, como o deputado não reeleito Wolney Queiroz (PE).

Pec encruada

Em mensagens que Arthur Lira trocou com líderes, ontem, aferiu-se que azedou ainda mais a disposição dos deputados para aprovar dois anos de prazo para a PEC Fura-Teto. Insistem em apenas um ano.