Autoridades participaram da mesa-redonda "Cidades sustentáveis & inclusivas", que aconteceu no segundo dia de evento, maior já realizado pelo setor no país
 

Foto: Lucíola Villela/Firjan

 

Sustentabilidade, mobilidade urbana, ocupação habitacional, entre outros assuntos tão importantes para as populações de grandes cidades, foram debatidos pelos prefeitos do Rio, Eduardo Paes, de São Paulo, Ricardo Nunes, e de Belo Horizonte, Fuad Noman, durante o segundo dia do Rio Construção Summit, nesta quarta-feira (20.09). O evento, maior do setor já realizado no país, que acontece no Píer Mauá, Rio de Janeiro, reúne autoridades, palestrantes nacionais e internacionais, profissionais e estudantes da área.

 

Ao longo de quase duas horas, na mesa-redonda "Cidades sustentáveis & inclusivas", os prefeitos de Rio, São Paulo e Belo Horizonte compartilharam experiências, melhores práticas e principais desafios em relação ao tema. Mediado pela jornalista Lizandra Trindade, o debate tratou de ações já implementadas nessas cidades, discutiu principais desafios das gestões municipais, e focou em soluções para um futuro melhor e mais sustentável pra todos.

 

De acordo com dados do Pnad, do IBGE, juntas, essas três cidades possuem 22 milhões de habitantes e um PIB acumulado de R$ 1 trilhão e 200 bilhões. O debate começou com a pergunta "Como fazer com que a infraestrutura seja efetivamente um pilar de sustentabilidade?". Os prefeitos são unânimes em ressaltar a importância de recursos para financiar todas as intervenções necessárias. O prefeito Noman discursou sobre o problema de ocupação irregular da cidade mineira, que hoje conta com 25% da população morando em áreas não planejadas, muitas delas, inclusive, em áreas de risco e desequilíbrio ecológico. Ele e o prefeito Paes destacaram os prejuízos financeiros e, principalmente para a vida da população, da ausência de uma política habitacional e investimentos em infraestrutura.

 

- Muita gente vive em áreas de encostas. BH tem necessidade de buscar recursos para tentar conter esse impacto. Izidora, por exemplo, é uma região que foi ocupada e que hoje precisamos de R$ 900 milhões para fazer todas as intervenções necessárias – disse ele.

 

Eduardo Paes e Noman comentaram sobre ações em suas cidades, que objetivam fazer com que parte da população volte a ocupar áreas que já foram importantes e hoje encontram-se abandonadas e até degradadas. – No caso do Rio, Centro e Zona Norte, por exemplo, são áreas consolidadas e com infraestrutura pronta. O Minha Casa Minha Vida tem que aproveitar essas áreas já estruturadas – disse Paes, acrescentando: - O Plano Diretor e o Reviver Centro apontam nesse sentido. Chega de expansão territorial. Noman também contou que a prefeitura de BH tem promovido a ideia do retrofit para prédios no centro da cidade.

 

O prefeito Ricardo Nunes também destacou a importância de se discutir assuntos como o Plano Diretor e não somente "deixa-lo na mesa". Eduardo Paes acrescentou a necessidade de se debater a Reforma Tributária, garantindo que as cidades não percam arrecadação com possíveis mudanças na legislação. - A Reforma vai contra tudo aquilo que prega a Constituição de 88 – disse ele. O prefeito Nunes concordou: - Se tirarem os recursos dos municípios, não vamos dar conta.

 

Além das ações que estão sendo feitas para mitigar o crescimento desordenado nas grandes cidades, as autoridades também debateram o problema das graves enchentes que têm castigado diversos municípios. O prefeito Ricardo Nunes lembrou que criou secretaria específica para tratar assuntos ligados às mudanças climáticas. Ele e Paes destacaram que o grande volume de chuvas que tem se visto é uma consequência das mudanças climáticas.

 

Todos concordaram com relação à importância de investimentos a fim de evitar tragédias, mas que dependendo da intensidade da chuva, as intervenções podem não resolver 100% o problema. Para isso, a importância de medidas como instalação de sirenes e treinamento da população em áreas de risco. – Também é importante trabalhar com a cultura da população. Nesses dias em que os alertas são emitidos, a população não deve sair de casa – orientou Eduardo Paes. Para combater as enchentes previsíveis, o prefeito de BH destacou que está fazendo dois reservatórios.

 

O transporte coletivo também foi assunto na mesa-redonda, a fim de se pensar em melhorias para a mobilidade urbana da população. O prefeito da cidade de São Paulo, que possui uma frota de 12 mil ônibus, contou que as empresas agora estão proibidas de comprar novos veículos ou substituírem os antigos, por modelos a diesel. A ideia é que as frotas sejam compostas somente por veículos elétricos.

 

Apesar do alto custo do investimento (R$ 700 mil um veículo a diesel e mais de R$ 2 milhões um elétrico, o prefeito Ricardo Nunes diz que o benefício final compensa o investimento: – Esse valor se paga. Mas é preciso ter coragem. Ele lembrou ainda que o governo também não reajusta o valor das passagens há alguns anos como forma de incentivar a população ao uso do transporte público.

 

Ainda no quesito bem estar da população, o prefeito de Belo Horizonte destacou uma iniciativa implementada após a pandemia. – Passamos dois anos trancados em casa. E então criamos o BH Mais Feliz. Já fizemos 407 eventos diferentes. Nossa grande preocupação é fazer a população voltar a sorrir. Levando as pessoas para rua, geramos uma demanda, geramos renda – diz Noman.

 

Sobre políticas públicas voltadas para os moradores, Paes citou a criação das secretarias da Mulher e da Juventude, além de outras políticas públicas que fazem parte da agenda da cidade.

 

Para fechar o debate nesta mesa-redonda que abriu o segundo dia de Rio Construção Summit, os prefeitos fizeram um balanço de suas gestões e como esperam ver suas cidades no futuro. Para Eduardo Paes, ainda há muito caminho pela frente. – Estamos todos muito atrasados em relação às metas estabelecidas pela ONU para 2030. Temos um problema mundial de financiamento. Mas o Brasil também tem excelentes oportunidades com o Lula no comando do G20. O país tem que avançar, tem que crescer. Se não há volume de recursos e se o Brasil não cresce, o município também não – concluiu Paes.

 

- O Rio Construção Summit mostra que estamos em outro momento, economicamente crescendo – ainda comentou ele.

 

Já o prefeito de São Paulo avaliou que a cidade está muito à frente em diferentes aspectos. – Eu daria nota 10 para São Paulo – disse Nunes. O prefeito Fuad se declarou "nem tão otimista quando São Paulo, nem tão pessimista quanto o Rio". – Nós temos muito desafios ainda. E desafios exigem recursos, que por sua vez exigem empréstimos. Temos dificuldade com tempo e dinheiro. Mas vontade de força não nos faltam – acrescentou Fuad.

 

 

O Evento

 

Realizado pelo Sinduscon-Rio (Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio de Janeiro), o Rio Construção Summit 2023 conta com a parceria da Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) e tem como parceiros estratégicos a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), o Sinicon (Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada – Infraestrutura), a FIIC (Federação Interamericana da Indústria da Construção) e a CNI (Confederação Nacional da Indústria). O evento ainda conta com o apoio do Governo do Estado do Rio e Prefeitura do Rio.

 

Ao longo dos três dias de evento, o RCS reunirá mais de 200 palestrantes, divididos em quatro palcos simultâneos, compartilhando mais de 80 horas de conteúdo. A expectativa é de que o público chegue a mais de cinco mil pessoas, entre empresários, profissionais de engenharia e arquitetura, poder público e estudantes.

 

Além de todas as mesas-redondas, o Rio Construção Summit conta com ambientes imersivos para tornar a experiência ainda mais enriquecedora para o público. Entre eles, um túnel de inovação, aonde os visitantes podem conferir o que há de mais moderno na engenharia mundial.

 

Parcerias:

 

O Rio Construção Summit é uma realização do Sinduscon Rio com apresentação da Firjan e Firjan IEL. A Prefeitura do Rio de Janeiro, Invest Rio, o Governo do Estado, a Secretaria de Habitação de Interesse Social, assim como o SEBRAE RJ, são patrocinadores do evento. A Caixa Econômica Federal é o banco oficial do evento. O RCS tem ainda como parceiros, a Águas do Rio e Mutua, além do apoio da Midea, Carrier e CSN Cimentos. Além da Câmara Brasileira da Industria da Construção (CBIC), Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (SINICON), Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Federação Interamericana da Indústria da Construção (FIIC) como parceiros estratégicos. A organização do evento é da Open Brasil.