Os gêmeos Fábio e Fabiana Brito da Silva, de 31 anos, nunca esconderam a forte ligação que tinham um com o outro desde a infância





Os gêmeos Fábio e Fabiana Brito da Silva, de 31 anos, nunca esconderam a forte ligação que tinham um com o outro desde a infância. Na alegria ou na tristeza, eles estavam unidos, como uma família deveria ser. Mas o destino resolveu pregar uma peça: Fábio se envolveu com drogas e acabou optando pelas ruas ao invés do conforto do lar. Porém, como nos filmes, os dois tiveram um final feliz: após três anos, Fabiana reencontrou na última quarta-feira (19), na Casa de Acolhimento João Paulo II, em Itanhaém, o irmão que ela tinha perdido as esperanças de encontrar. “Carregava essa culpa no meu coração”, diz emocionada.


Os irmãos gêmeos Fábio e Fabiana nasceram em Guarulhos e passaram a infância e a juventude na cidade. Fabiana se casou e mudou-se para Pedreira, interior de São Paulo, em busca de mais oportunidades de emprego. Após um ano, a mãe morreu e Fabiana acolheu o irmão em sua casa, mas não durou muito, pois o rapaz saiu da casa da irmã e voltou para Guarulhos para morar com a avó.

Fábio trocou o aconchego da casa da avó materna pelas ruas de Guarulhos. Passou dez anos dormindo nas calçadas da cidade, mas um dia o viram entrar em um carro desconhecido e depois disso nunca mais foi visto pela família. “Toda vez que eu ia à casa da minha avó perguntava por ele, mas ninguém tinha notícias. Pensei que estivesse morto”, conta Fabiana abalada ao relembrar do passado.

O motorista do carro deixou Fábio em Praia Grande que veio andando até Itanhaém. Por conta das agressões que sofreu na rua, Fábio chegou à Casa de Acolhimento João Paulo II pouco lúcido e muito debilitado. Aos poucos foi contando o que lembrava e, a partir dos dados que foram colhidos das lembranças, foi feito um mapeamento pela equipe da casa de acolhimento que iniciou a busca por algum parente do rapaz.

A assistente administrativa Adriana de Carvalho ligou todos os dias para o Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) e Unidades de Saúde da região. Ela conta que foi um mês de procura intensa até conseguir fazer contato com a irmã. “A partir do nome dele foi feita uma busca nas unidades de saúde. Quando a equipe do serviço social descobriu que ele tinha uma irmã gêmea, logo entrou em contato com a Fabiana por telefone. Foi feito de tudo para que o encontro entre os gêmeos pudesse acontecer”.

Quando Fabiana recebeu uma ligação que dizia que seu irmão estava vivo, ficou muito emocionada e feliz. Seu maior desejo tinha finalmente se tornado realidade. Após quinze dias conversando com o irmão apenas por telefone, Fabiana veio de Pedreira até Itanhaém para buscar Fábio. “Estou muito ansiosa e nervosa, nem dormi direito de tanta ansiedade”, disse minutos antes de rever o irmão gêmeo.

As lágrimas no rosto de Fabiana ao ver o irmão eram de pura felicidade e de alívio, seu coração finalmente estava em paz e sem culpa. Fábio recebeu a irmã com um abraço carinhoso e apertado, seu sorriso demonstrava a felicidade de ter Fabiana por perto. “Estou muito feliz e alegre, é muito bom para ser verdade, é um presentão de natal”, diz Fábio, que não tirava mais o sorriso do rosto.

Fábio vai morar em Pedreira com a irmã, o cunhado, sobrinho, de 5 anos, e Fabiana. Segundo ela, o irmão já tem um quarto esperando na sua casa. “Ele sumiu e eu não podia fazer nada. Carregava essa culpa no meu coração, mas agora ele vai morar comigo. Vou cuidar dele.”

O Natal este ano vai ser especial para os irmãos Brito, que após anos separados finalmente passarão a ceia juntos. “As festividades serão especiais. Vamos passar com a nossa avó em Guarulhos”, finaliza Fabiana enquanto acaricia o rosto do irmão.

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