Ele atuava desde o governo Getúlio e foi muito ligado a Roberto Marinho
Redação
Redação
  | Atualizado 

Vicentina com o marido Jorge Serpa, em uma raa aparição pública.

Faleceu aos 96 anos de idade no Rio de Janeiro, neste domingo (20), uma das figuras mãos influentes da República. Ele fez aniversário em 2 de janeiro. A causa da morte não foi divulgada, mas amigos da família confirmaram que o velório e o sepultamento ocorrerão na manhã desta segunda-feira (21) no cemitério São João Batista, no Rio.

Ora apontado como assessor e amigo íntimo do jornalista e empresário Roberto Marinho, ora considerado o “o maior lobista do Brasil”, Serpa cultivava a discrição. Com o seu falecimento, muitos segredos da política brasileira permanecerão guardados.

Um desses segredos tem a ver com um fato ocorrido na campanha presidencial de 1989, quando Jorge Serpa assessorava o todo-poderoso presidente das Organizações Globo. Talvez sob influência de Fernando Henrique Cardoso, Serpa articulou a aproximação de Roberto Marinho com o senador e candidato a presidente Mário Covas (PSDB). Após um acordo que envolvia ampla divulgação das propostas de Covas, coube a Jorge Serpa a tarefa de redigir o célebre discurso em que o senador paulista prometia, se eleito, “um choque de capitalismo” no Brasil.

Operando desde Getúlio
Jorge Serpa “operava” desde o governo Getúlio Vargas, só para se fazer idéia de sua influência. Acabou se casando com Vicentina, uma neta do ex-presidente Eurico Gaspar Dutra. Foi muito próximo de presidentes como Juscelino Kubitschek, João Goulart e Fernando Henrique Cardoso, a quem ajudou muito com seus conselhos em momentos de crise do governo tucano.

Curiosamente, ele somente se locomovia de táxi. Como tinha muito medo de avião, quando convidado por FHC para uma conversa, ele viajava em um táxi do Rio de Janeiro até Brasília.

Serpa era tão ligado a Roberto Marinho que chegava a influir no conteúdo dos veículos de comunicação de sua empresa. Certa vez, o jurista Miguel Reale afirmou em São Paulo ao jornalista José Mário Pereira que não havia justificativa jurídica sólida para o impeachment do então presidente Fernando Collor. Informado dessa interpretação, Serpa contou para Marinho, que por sua vez enviou José Mário outra vez a São Paulo para entrevistar o jurista. “E cuidou de publicar a entrevista com destaque”, lembra o jornalista, atualmente o admirado editor da Topbooks.

Deixe seu Comentário