Em seminário sobre os 40 anos das Diretas Já, a presidente da Secional paulista questionou a falta de eleições diretas na OAB Nacional
 

Patricia Vanzolini ao lado da cantora Fafá de Beléme e do jornalista Oscar Pilagallo, em momento do encerramento de evento sobre os 40 anos do movimento das Diretas Já, realizado na sede da OAB SP.


A ausência de eleições diretas dentro do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) foi o ponto central de uma das falas da presidente da OAB SP, Patricia Vanzolini, durante o Seminário Folha: 40 Anos do Movimento Diretas Já, realizado na segunda-feira (29) em parceria com a Ordem paulista.

 

Primeira mulher à frente da OAB SP, Vanzolini considerou importante que a entidade reflita sobre sua própria estrutura, questionando até que ponto possui legitimidade para exigir democracia, após quatro décadas, uma vez que não há voto direto internamente. "Nós não temos eleições diretas dentro do nosso Conselho Federal", ressaltou. A dirigente ainda afirmou o quanto é importante a classe não tolerar esse modelo. Atualmente, a diretoria da nacional da OAB é eleita pelos conselheiros federais das seccionais a cada três anos.

 

A presidente da OAB SP apontou logo na abertura do evento a importância histórica da OAB como uma entidade capaz de congregar forças suprapartidárias e afirmou ser necessário aprender com o passado, ao ler um manifesto produzido pela Subseção de Itanhaém 40 anos atrás, em apoio ao movimento das Diretas Já.

 

A Ordem paulista teve um papel ativo e central nessa luta por meio do presidente do Conselho Federal à época, Mário Sérgio Duarte Garcia, que também presidiu o Comitê suprapartidário do movimento das Diretas Já, e em São Paulo por Márcio Thomaz Bastos. "Sempre nos lembramos dessas figuras, mas quero chamar a atenção para a luta daqueles que não foram nomeados, que foram esses [manifestantes]", disse Vanzolini, apontando para uma foto no telão mostrando pessoas anônimas durante ato em 1984.
 

Ao longo do seminário, a presidente da OAB SP reforçou a necessidade de olhar para o passado para aprender com a coragem e inteligência daqueles que lutaram pela democracia. Ela destacou que os desafios atuais exigem uma reflexão profunda sobre o presente e a construção de soluções por meio do diálogo e da cooperação, reforçando o papel da advocacia na defesa dos direitos e da cidadania.
 

No encerramento do evento, Patricia Vanzolini pontuou a importância da advocacia continuar falando e não se calar diante das ameaças à cidadania. Citando Tancredo Neves, último presidente eleito de forma indireta no País, ela evocou a importância da união e da determinação na defesa da democracia. "Quem cala a advocacia, cala a cidadania. Não podemos tolerar isso sob nenhuma justificativa", enfatizou.