Procurador também pediu que o TCU suspenda qualquer relatório de atividade financeira do jornalista que estejam em curso

O procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Furtado, pediu que o TCU determine a imediata suspensão de toda e qualquer investigação sobre o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, até que fiquem claras as motivações para que ela ocorra.

O procurador também pediu que seja determinada a imediata realização de inspeção no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para que se verifique se de fato o conselho investiga ou não o jornalista a partir de informações recebidas da Polícia Federal.

Para Furtado, o órgão, vinculado ao Ministério da Economia, não esclareceu se está ou não fiscalizando o profissional.

Greenwald está coordenando o trabalho de jornalistas do site e de outros parceiros que estão revelando diálogos do ministro Sergio Moro, da Justiça, com integrantes da Operação Lava Jato na época em que ele era juiz.

A investigação sobre ele, diz o tribunal de contas, teria sido pedida pela Polícia Federal, subordinada a Moro. E poderia configurar uma retaliação e um ataque à liberdade de imprensa.

“Somente em uma republiqueta de bananas – o que o Brasil não quer ser – seria correto usar o aparelho estatal para perseguir qualquer pessoa que contrariasse, com sua atividade profissional, o interesse dos ocupantes momentâneos do poder estatal”, afirma o procurador.

Furtado ironizou as respostas vagas dadas por Guedes e pelo conselho incluindo em sua petição a letra da música “O Pato”, de João Gilberto.

Entenda

O TCU tinha dado 24 horas para que o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o Coaf esclarecessem se o jornalista estava ou não sendo fiscalizado. As repostas, divulgadas na terça (9), foram genéricas e não responderam objetivamente se a investigação existe e quais as justificativas para a medida, se ela estiver em andamento.

Para Lucas Furtado, um trecho da resposta do Coaf deixou em aberto a possibilidade de as movimentações financeiras de Greenwald estarem sendo efetivamente analisadas. Nele, o órgão negava que a Polícia Federal tivesse pedido uma investigação contra o jornalista. Mas dizia que “poderá ocorrer” de o Coaf receber informações da Polícia Federal e elaborar um Relatório de Inteligência Financeira sobre fatos que indicassem crime. (Com informações da Folhapress)