idades próximas da universalização da água e esgotos ainda investem quase 2,5 vezes mais por habitante que as cidades mais distantes em saneamento.

Produzido pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a consultoria GO Associados, o novo Ranking do Saneamento Básico contempla as 100 maiores cidades, onde habitam 40% da população, e foi feito com base nos dados do Ministério do Desenvolvimento Regional, pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) – ano base 2017.

Os resultados mostram que os avanços são pouco relevantes e o país fica cada vez mais distante de atingir as principais metas de saneamento básico, especialmente as oficializadas pelo Brasil na ONU - Organização das Nações Unidas. Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável - ODS 6 – tem como meta “Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todas e todos até 2030, mas a se manterem os baixos investimentos dos últimos anos (tabela abaixo), o Brasil ficará distante de cumprir mais este compromisso internacional.

Investimentos em água e esgoto no Brasil – 2011 a 2017

Dados: Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) 
(em R$ bilhões)
2011201220132014201520162017
R$ 10,91R$ 12,07R$ 12,16R$ 13,29R$ 12,18R$ 11,51R$ 10,9 bi

Nota: Investimentos atualizados para preços de 2017 pelo IPCA. 

Desafios do Saneamento Básico brasileiro: O país ainda apresenta quase 35 milhões de brasileiros sem acesso à água tratada, quase 100 milhões de brasileiros sem coleta de esgotos (47,6% da população) e apenas 46% dos esgotos gerados no país são tratados. Isso significa poluição e doenças ininterruptas em todo o país.

Como exemplo da situação nas grandes cidades, das 100 maiores, 90 apresentam mais de 80% da população com água tratada, em contrapartida, somente 46 cidades possuem mais de 80% da população com coleta de esgotos. Quando falamos de tratamento de esgotos os dados são piores; somente 22 municípios tratam mais de 80%.  Quando tratamos das perdas de água potável nos sistemas de distribuição, mais de 80% dessas grandes cidades têm perdas superiores a 30%, o que mostra haver um grande desafio a ser vencido.

Avanços dos indicadores no Brasil e nas 100 maiores cidades


O levantamento mostra o período de 2011 a 2017 e reforça que os avanços foram pequenos, seja no Brasil ou nas 100 maiores cidades. É possível também identificar uma queda geral dos investimentos e que se mantém a concentração dos recursos nessas cidades. Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil, chama atenção: “Mais de 50% dos investimentos estão concentrados em apenas 100 cidades. Ainda que nelas viva mais de 40% da população, é preocupante pensar que mais de 5.600 municípios, juntos, são responsáveis por menos de 50% do valor investido em saneamento básico. Isso explica por que as cidades médias e menores em geral carecem desta infraestrutura”.

Resumo dos indicadores gerais de saneamento básico no Brasil e nas 100 maiores cidades – 2011 a 2017

AnoPopulação total com água tratada (%)População total com coleta de esgoto (%)Esgoto tratado x água consumida (%)Perdas de água na Distribuição (%)Investimento (R$ bilhões médios)
 Brasil100 maiores cidadesBrasil100 maiores cidadesBrasil100 maiores cidadesBrasil100 maiores cidadesBrasil100 maiores cidades
201182,493,5248,169,0537,546,6538,839,7810,915,83
201282,793,4548,369,3938,748,836,937,8212,076,09
201382,592,9148,669,143948,033739,0812,165,85
20148393,2749,870,3740,850,2636,738,3413,296,48
201583,393,8450,2671,0542,6751,7236,737,7712,186,53
201683,393,6251,9272,1544,9254,3338,0539,0711,516,6
201783,594,652,3672,774655,6138,2939,510,905,93
 

 





















Nota: A soma de investimentos do Brasil foi feita de acordo com a informação do diagnóstico de cada ano, atualizada pelo IPCA para junho de 2017

As diferenças entre os 20 melhores x 20 piores municípios

Foi feita uma análise específica nos indicadores das 20 melhores e 20 piores cidades do Ranking 2019. Na tabela abaixo é possível conhecer a correlação entre o volume de investimentos e os avanços nos indicadores de saneamento. 

Os municípios com melhor saneamento, nos últimos 5 anos, investiram 4 vezes mais do que os que estão piores nessa infraestrutura. Mesmo a cidade de São Paulo distorcendo a relação, por concentrar grandes investimentos, as melhores cidades investem bem mais. Municípios dos Estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais acabam tendo os melhores indicadores de água e esgoto no país.

Metodologia: A metodologia completa do Ranking está disponível no site oficial do Instituto Trata Brasil –www.tratabrasil.org.br . Explica os indicadores e as notas dos municípios perfazendo a colocação de cada cidade no ranking.

Deficiência na coleta dos esgotos

36 municípios têm menos da 60% da população com serviços de coleta dos esgotos, com destaque para as 10 piores cidades neste indicador.

Tabela 2 – 10 piores municípios com população com acesso à rede de coleta de esgotos


Apenas dois municípios possuem 100% de coleta de esgoto (Piracicaba – SP e Taboão da Serra- SP), outros treze possuem índice de coleta superior ou igual a 98, e também podem ser considerados universalizados. Abaixo é possível ver os 10 melhores neste indicador.

Tabela 3 – 10 melhores municípios com população com acesso à rede de coleta de esgoto

Deficiência em Tratamento de Esgoto

Historicamente, o índice de volume de esgoto tratado sempre foi ruim em todo o país. A média nacional é de 46%, ou seja, 9 pontos percentuais (p.p.) a mais do que em 2011, quando o número era de 36%. 55% dos municípios avaliados tratam menos de 60% dos esgotos gerados, enquanto somente 21 municípios tratam mais de 80%, número considerado como ideal para este indicador.
 

Sete municípios apresentaram valor máximo (100%) de tratamento de esgoto e 14 municípios valores superiores a 80%, sendo considerados universalizados no contexto deste Ranking. O mínimo que os municípios possuem de tratamento de esgoto é 0%, que é o caso de dois municípios (Governador Valadares - MG, e São João de Meriti – RJ). Como mostra a tabela a seguir.

Destaque – Milhares de “piscinas olímpicas” de esgoto jogadas na natureza

O tratamento de esgoto continua sendo um desafio. Mesmo em 2017, o Brasil continuou lançando diariamente no solo, córregos, em rios, mar e demais cursos d’água aproximadamente 5.622 piscinas olímpicas de esgoto não tratado. 

Os indicadores médios do país e das 100 maiores cidades são muito baixos e só as 100 maiores cidades do país despejaram cerca 2.091.080 m3 de esgotos, equivalente à de 2.292 piscinas olímpicas na natureza todos os dias gerando diversas deficiências sociais e econômicas. 
 

IndicadorBrasil100 maiores
Esgoto Não Tratado em m³         5.130.047          2.091.080
Piscinas/dia                 5.622                  2.292


Indicador da população com rede de água tratada

Os índices de atendimento de água são bem melhores comparados com os de esgotos. A maioria dos municípios (90%) possui atendimento de água maior que 80% da população, de maneira que a maior parte dos municípios considerados no estudo se encontra próximo da universalização. Veja na tabela a baixo:

Quadro 3 – Municípios com população com rede de abastecimento de água


22 municípios possuem 100% da população atendida com água potável, ou seja, estão universalizados. Existem ainda 18 municípios com 99% de pessoas atendidas, estando na prática quase universalizados. O mínimo que o estudo encontrou, entre as 100 maiores cidades, foi a cidade de Porto Velho (RO) com apenas 31,78% da população com água tratada. Veja tabela abaixo:



Indicador de Perdas de Água Potável na Distribuição


Vazamentos, roubos (furtos, “gatos”), erros de leitura de hidrômetro, entre outros, formam o indicador de perdas de água potável nos sistemas de distribuição. Dos 100 municípios, apenas 1 possui perdas menores que 15% (valores considerados como ótimos). Mais de 80% das 100 cidades têm perdas superiores a 30%, o que mostra um grande potencial de redução de perdas de água nesses municípios.


Indicador de Perdas de Faturamento Total com a água


Dos 100 municípios, apenas nove possuem níveis de perdas de faturamento total iguais ou menores que 15% (valor usado como parâmetro ideal). Quase 70% das cidades do estudo têm perdas de faturamento total superior a 30%. Há um grande potencial de ganhos financeiros para as empresas operadoras desses municípios, além de aumento da disponibilidade hídrica para os usos múltiplos da água.



OBS.: Vale notar que não há necessariamente uma correlação entre os indicadores de perdas de faturamento total e na distribuição. É mais confiável quando os dois indicadores apresentam números semelhantes, pois o Índice de Perdas na Distribuição avalia o volume de água perdido e o Índice de Perdas de Faturamento Total avalia as perdas monetárias do prestador de serviço.


A tabela a seguir mostra, para o Índice de Perdas de Faturamento Total, quais os 20 melhores e os dez piores colocados, bem como os indicadores computados.


Relação entre Investimentos e a Arrecadação com os serviços


Já há alguns anos, o Ranking adotou como critério avaliar a relação entre a média dos investimentos e das receitas nos últimos cinco anos. A metodologia considera não apenas os investimentos realizados pela prestadora, mas também os investimentos realizados pelo poder público (Município e Estado). Mostra que, quanto maior for essa relação, mais investimentos o município está realizando com o que está sendo arrecadado e tem mais pontos no Ranking.



A tabela mostra que 30 cidades investem menos de 15% do que arrecadam, muito pouco, seja na expansão dos serviços ou na manutenção dos serviços fornecidos à população. 70 cidades investem menos de 30%.  


Evolução do saneamento básico nas Capitais brasileiras 

Água - Das capitais, cinco aumentaram seus níveis de atendimento em água em mais de 5 p.p., entre 2013 e 2017. Por sua vez, oito capitais tiveram uma redução no atendimento.

Os municípios que mais aumentaram foram Rio de Janeiro (7,80 p.p.), Palmas (7,44 p.p), Manaus (6,45 p.p) e Rio Branco (5,96 p.p). Ainda assim, Rio Branco continua com somente 54,93% de população com atendimento de água.
 
  
Coleta de esgoto - A evolução média da coleta de esgoto para a amostra, entre 2013 e 2017, foi de 7,22 p.p. Das capitais, 6 aumentaram seus níveis de coleta de esgoto em mais de 5 p.p. e três apresentaram uma redução do atendimento de esgoto - Quadro 51.

Destacam-se os municípios de Palmas (+ 40,03 p.p.) e João Pessoa (+ 26,77 p.p.).


 

Tratamento de esgoto - As capitais avançaram, em média, 8,26 p.p no tratamento de esgoto. Oito aumentaram em mais de 10 p.p., entre 2013 e 2017 - Quadro 52.

No incremento em tratamento de esgoto, destacam-se os municípios de Porto Alegre – RS, que no período aumentou 34,85 p.p (mais que dobrando os indicadores de tratamento), Palmas - TO (aumento de 27,99 p.p.) e Boa Vista - RR (23,45 p.p).



OS CONTATOS DEVERÃO SER FEITOS COM OS CONTATOS ABAIXO: